apicultura biologica- Milhão rende-se ao mel biologico

11-02-2011 15:06

 Arquivo: Edição de 18-06-2007

Secção: Nordeste Rural

Os oito apicultores da freguesia alteraram o modo de produção para poderem competir no mercado 

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Milhão rende-se ao mel biológico 

Milhão é a única aldeia do concelho de Bragança onde se produz, apenas, mel biológico. Os oito apicultores da localidade abandonaram o modo de produção convencional, para poderem competir no mercado com um produto que se distingue pela qualidade.
A ideia partiu da Associação de Apicultores do Parque Natural de Montesinho (AAPNM), há cerca de cinco anos, altura em que desafiou os apicultores a abraçarem um projecto com futuro no mercado nacional e internacional.
“O preço do mel desce diariamente, pelo que o biológico é a única forma de podermos competir através da diferenciação do nosso produto, fazendo-o chegar aos mercados com maior poder de compra”, realçou o presidente da AAPNM, Manuel Gonçalves.
A qualidade e a valorização do produto foram os motivos que levaram os apicultores a alterarem o modo de produção, mesmo sabendo que iriam ter perdas na quantidade de mel. “O preço do mel biológico duplica, pelo que os lucros acabam por compensar as perdas, que rondam os 30 por cento”, afirma Firmino Rodrigues, o maior produtor de mel biológico da freguesia de Milhão.
Com cerca de 120 colmeias, este apicultor afirma que a encosta do rio Sabor, a sul da freguesia de Milhão, é uma zona privilegiada para a produção de mel biológico, uma vez que não há agricultura intensiva por perto.
Ao todo, aquela localidade acolhe cerca de 750 colmeias, que, no ano passado, produziram cerca de 10 toneladas de mel biológico certificado. “O produto foi quase todo exportado para uma cadeia de hotéis, na Alemanha, à excepção de uma tonelada que foi comercializada a nível nacional”, realçou Manuel Gonçalves.

Produção de mel biológico deverá duplicar dentro de dois anos, com o aumento do número de apicultores

Na óptica do responsável, a maior dificuldade ao nível da comercialização é o volume de produção. “Há mercado para este produto. O problema é que como ainda produzimos pouco não podemos entrar nos grandes mercados internacionais”, frisou o presidente da AAPNM.
No entanto, a produção poderá duplicar a partir do próximo ano, altura em que mais 16 apicultores terminam o processo de conversão e passarão a produzir, exclusivamente, mel biológico.
Dado que o número de apicultores a recorrerem à produção biológica tem aumentado, a AAPNM pretende aumentar a comercialização da marca “Mel do Parque de Montesinho” com certificação biológica.
“Dentro de dois anos teremos cerca de 6 mil colmeias em plena produção. Por isso, o nosso objectivo é escoarmos cerca de 75 por cento da nossa produção [cerca de 200 toneladas] com a nossa marca e, apenas, 25 por cento para a indústria”, salientou Manuel Gonçalves.
A par do desenvolvimento da economia local, visto que o mel é transformado e embalado na Casa do Mel, em Bragança, o Mundo Rural também ganha mais dinamismo.